sábado, 3 de setembro de 2011

Propostas de aplicação da metodologia de Keith Swanwick em aulas coletivas de violão

O objetivo deste trabalho é relatar as dificuldades, tanto do ensino coletivo de violão, como as dificuldades de se escolher um repertório, sendo que é muito comum encontra o gosto musical da sociedade diferente do modelo de repertório de conservatório. A proposta aqui é trabalhar a motivação dos alunos utilizando o modelo T.E.C.L.A (Técnica, Execução, Composição, Literatura e Apreciação.) A falta de material didático com o tema ensino coletivo para violão, vem sendo minimizado, mais ainda há muito o que melhora neste ponto. Conhecendo as dificuldades mencionadas aqui, temos um ótimo ponto de partida. 

Todos nós temos uma cultura musical formado, e para conseguirmos ir mais adiante precisamos ter claro em nossas mentes diversos princípios fundamentais.  Por esta razão vamos nos aprofundar na origem da palavra caráter, resumindo é tudo aquilo que pode ser gravado. Do latim caráter, do grego Kharáter. 1. Especialidade, especificidade; cunho marca. 2. Qualidade inerente a uma pessoa, animal ou coisa; o que distingue de outra pessoa. 3. O conjunto dos traços particulares, o modo de ser de um indivíduo, ou de um grupo; índole, natureza, temperamento. 4. O conjunto das qualidades (boas ou más) de um indivíduo, e que lhe determinam a conduta e a concepção moral. 5. Gênio, humor, temperamento.

Cada pessoa ao estudar musica já tem o seu gosto musical formado, sua cultura é criada de acordo com a aceitação do caráter, a todo o momento fazemos escolhas, alguns conseguem ter um gosto mais amplo aos gêneros musicais, outros são mais reduzidos. Ao estudar violão no modelo conservatório, é comum quando se escolhe um repertório como, Ferdinando Carulli, Matteo Carcassi, Mauro Giuliani, Johann Kaspar Mertz, no popular, E. Morangon, Domingos Semenzato, Pixinguinha, João Pernambuco, Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Dilermando Reis etc. 

Ao pergunta para o aluno é muito provável que ele responda não conheço, isso é muito comum, a grande maioria da vivencia musical dos alunos acompanha a mídia. Não estou aqui para critica estes gêneros musicais, mas sim mostra a realidade para estrutura melhor a metodologia de ensino no violão. Quando o aluno estuda violão no conservatório e se depara com este repertório, ignorando totalmente a cultura musical do aluno, é comum ele se sentir desmotivado. O aluno quando chega a sua casa e os pais perguntam toca aquela musica para mim, ou alguma que eu conheço, o filho responde não sei.

Este modelo de conservatório abordado aqui, pode se torna um fardo pesado para o aluno, isso depende da influencia cultural de cada estudante. Conhecendo esta realidade, também nos deparamos com a difícil aprendizagem do uso de partitura no estudo inicial de violão, como aplicar aulas coletivas de violão em diferentes níveis de aluno? Qual é o melhor caminho? Quero sugerir a metodologia de Keith Swanwick. As pesquisas desenvolvidas por Swanwick, produziram pontes entre o cotidiano escolar do educador musical, e pesquisas acadêmicas.

Para aplicarmos esta teoria em aulas coletivas de violão, precisamos mergulhar em alguns princípios de Swanwick. As descobertas geraram de inicio a teoria espiral do desenvolvimento musical, feitas por camadas (materiais, expressão, forma e valor), precisa considera a fluência musical dos alunos do inicio ao fim. Uma aula muito repetitiva com a mesma partitura não pode ser considerada uma aula musical.

O desenvolvimento integral dos alunos é apontado por três princípios de Swanwick. Inicialmente é considera a música como um discurso, superior a linguagem, considera a música como um discurso com várias camadas de entendimento, indo além do conceito de linguagem, é uma troca de idéias argumentos, expressão do pensamento, o aluno precisa ter oportunidade de se expressar sua cultura absorvida, é necessário ter um equilíbrio no ensino. 

O segundo princípio é considera o discurso musical dos alunos, que é promover o desenvolvimento humano. O terceiro princípio é o da fluência musica do início ao fim das aulas de música. Nesta visão, ler e escrever música são um meio para um fim, enquanto se trabalha com a própria música – e em alguns momentos estas habilidades são desnecessárias. Partindo destes três princípios é necessário também aplicar o modelo T.E.C.L.A (Técnica, Execução, Composição, Literatura e Apreciação.) O modelo tecla sem os três princípios não funciona, os três conceito precisa caminhar juntos.

Para ele, a criança deve ser estimulada com músicas que façam parte do seu dia a dia e dos padrões musicais de sua cultura, ou seja, é possível ampliar o repertório da criança apresentando-lhe outros universos sonoros. O educador precisa ser dinâmico e estrategista ao ponto de pegar um Rap e trazer para universo sonoro, juntamente aplicando com os três principais discursos mencionados por Swanwick acompanhando o modelo T.E.C.L.A.
Para que tenha um bom resultado, tudo precisa estar muito bem claro para o educador, não basta o educador apenas conhecer o modelo T.E.C.L.A e os três princípios fundamentais, ele deve conhecer muito bem o seu aluno, tratar sua motivação, conhecer bem o gênero musical que será aplicado, no caso do rap é o que podemos chamar de “expressão musico-verbal” da cultura hip-hop. O rap tem uma batida rápida e acelerada e a letra vem em forma de discurso, com muita informação e pouca melodia.

Um dos grandes problemas enfrentados com o ensino tradicional de violão é justamente o repertório. O aluno começa a estudar violão esperando tocar aquilo que ele escuta em casa, que vê os amigos tocando nas rodas de música, mas acaba se deparando com um repertório totalmente distante desse mundo, com um repertório de compositores como Carcassi e Carulli, que acabam desmotivando o aluno, ou criando o que Swanwick chama de subcultura musical, isto é, este repertório passa a ser “as músicas da aula de violão” e o resto é realmente música. (SWANWICK, 2003) 

Ao fazer isto, o professor se esquiva de enfrentar esse “bicho de sete cabeças” que é o repertório da música de mídia, mas não elimina o problema. Não por apenas uma vez escutei de alunos, após um bom tempo ensinando-lhe músicas folclóricas ou estudos tradicionais: “Professor, quando você vai me ensinar uma música?”. Procurar trazer este conteúdo para dentro da aula torna-se não só necessário, mas também conveniente. Através desse repertório o professor pode trazer o ensino de diversos outros elementos como o treinamento auditivo, a composição, apreciação musical, sempre de forma consciente e crítica. 

Estimula-se no aluno a consciência tonal, mostrando o que é cantar dentro da tonalidade, o que é mudar de tom, o que é  improviso, procurando desmistificar a criação e a composição. Gainza discute também o problema que é ter como meta ensinar o quanto antes o  repertório de Bach ou Schumann. Certa pedagoga diz [...], poucas crianças chegaram a entender, participar ou degustar Bach assim, já que não houve caminhos graduais para se sentir a necessidade e imponência desta música. (GAINZA, 1988). Há ainda, dentro daqueles que se propõem a trabalhar com musica popular, um conflito ideológico em que o professor não aceita trabalhar com músicas que fazem parte do universo da “música de mídia”. 

Vale a pena salientar que já existe uma ampla discussão sobre o uso deste termo e da relação música, mídia e a indústria cultural, (DIAS, 2000) além de importantes discussões pensando também no trinômio erudito/ popular/ folclórico dentro da música brasileira. (ULHOA, 1 977) Este relato não pretende discutir esta relação, mas mostrar como se pode utilizar deste tipo de música no cotidiano pedagógico. É muito comum o professor desqualificar esta música que faz parte do cotidiano dos alunos e ensinar o violão de acompanhamento através de músicas de seu cotidiano ou folclóricas. O que propus neste curso vai em outro caminho: